A Agroconsult alertou para os riscos que o surto de gripe aviária pode representar para a comercialização e o consumo doméstico de milho no Brasil, mesmo diante da possibilidade de uma segunda safra recorde, projetada em 112,9 milhões de toneladas — alta de 10,5% em relação ao ciclo anterior. Segundo a consultoria, o nível de comercialização da segunda safra está em apenas 32,4%, percentual considerado baixo para o mês de maio.
“O setor, diante de uma possível produção recorde, teme os impactos da gripe aviária nas exportações e no consumo interno de milho pelo mercado de proteína animal”, afirmou a Agroconsult, em nota.
O primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial foi confirmado na semana passada no município de Montenegro (RS), resultando na suspensão das importações de frango brasileiro por China e União Europeia por 60 dias. Como o milho é o principal insumo para a alimentação de aves, uma eventual redução na produção de frangos pode afetar significativamente a demanda pelo cereal.
A demanda doméstica de milho é estimada pela Agroconsult em 96,7 milhões de toneladas, sustentada principalmente pela produção de etanol e pela cadeia de proteína animal. No entanto, a consultoria advertiu que essa estimativa pode variar conforme o avanço do problema sanitário. As exportações, por sua vez, estão projetadas em 42,8 milhões de toneladas.
“O excesso de oferta, aliado ao problema sanitário, pode exercer uma pressão negativa sobre o preço do milho, justamente em um momento de baixa comercialização, exigindo a adaptação de estratégias por parte dos produtores e agentes do setor”, concluiu a nota.